
Arcos e
Cavernas de Talava
Se
prepare para uma
inesquecível aventura na qual você literalmente vai deixar
a civilização para trás e entrar na área mais remota
de Niue, que por si só já é para lá de remota. Essa
aventura é no melhor estilo Indiana Jones, e apesar de
não termos encontrado nenhum dinossauro, parecia que a
qualquer momento ía aparecer um. O lugar é simplesmente
maravilhoso, e mesmo contando o que vimos com fotos para
ilustras, a sensação que se tem quando chega-se nesse
luar é algo realmente indescritível. Talava é um complexo de cavernas e arcos bem
na beira mar com um
vale por trás tem mais cavernas, cipós descendo do alto
da colina, e vegetação de
plantas muito estranhas que nunca havíamos visto antes. Leva-se mais ou menos 50
minutos a pé para se chegar lá, e a trilha é bastante
difícil apesar de plana. O motivo é que o caminho é de
coral puro, bastante afiado e totalmente desnivelado, o
que faz literalmente que em certos trechos você tenha que
se equilibrar com os braços abertos a cada passo que dá.
Se cair, não tenho dúvidas que a pessoa vai parar no
hospital. Antecipadamente avisamos que essa trilha não é
para crianças ou para pessoas mais velhas com problemas
de mobilidade. Se você acha que dá conta, não perca
esse lugar de jeito nenhum.
A
aventura começa
no mesmo local de onde se sai para a garganta
de Matapa à partir da vila de Hikutavake ao Norte
de Alofi. A diferença é que ao invés de pegar a trilha que
desce para Matapa, a pessoa deverá engrenar uma segunda nas pernas, e pegar
a trilha que sobe para Talava. Logo depois da
subida não muito inclinada e tão pouco longa, a trilha fica
basicamente plana. Essa parte da trilha é linda e fácil,
fazendo com que o desinformado turista se sinta bem e satisfeito da
vida, ainda mais com centenas de borboletas voando ao
redor de você. Caranguejos Ermitão também ficam na
trilha e ao sentir a presença de humanos, o dito se
esconde dentro da concha. Umas lagartixas listadas em 2
tons de azul, e com um palmo de comprimento, também
cruzam ou saem correndo pela trilha na medida que vamos
nos aproximado. Mas tudo na vida muda e
a trilha também...
Um
pouco antes da metade
do caminho o bicho pega. O que era plano e praticamente
gramado, vira um piso dos piores possíveis para se andar
em cima. Um aviso importante...Jamais leve seu tenis novo
para passear nesse lugar, e outra coisa, nunca, mas nunca
mesmo vá de sandália de dedo, ok? Os corais que foram esculpidos pela chuva
são super afiados e cortam como navalha, e o
pior de tudo é que não há um único lugar plano para
pisar, pois o chão é sempre inclinado para um dos lados
(foto). Bengalas de madeira são fundamentais para ajudar no
equilíbrio mas por incrível que pareça, só fomos
lembrar que elas ficaram no carro pelo meio da trilha.
Existem
duas áreas de descanso onde o governo colocou um
tronco de árvore para servir de banco. A trilha segue nas
mesmas condições até iniciar a descida em direção ao
mar, e quando o mar já está próximo, a trilha de
repente acaba. Olhando um pouco melhor, o perdido turista
verá que na direita da folhagem existe uma pequena gruta
e tudo o que tem que fazer é entrar.
Ao
entrar na caverna,
o incrédulo turista entra numa espécie de mundo perdido.
Parece que passamos por um portão onde o presente ficou
para trás e fomos transportados para o passado. A entrada
da caverna e baixa, e a pessoa tem que se abaixar senão
vai bater com os chifres num estalactite rosa, logo na
entrada da caverna (foto). Logo em seguida o teto fica bem
mais alto, e o encantado turista recebe uma espécie de
choque com a deslumbrante beleza dessa caverna. A caverna
é grande repleta de pilares gigantescos e centenas de
estalactites e estalacmites. As cores são estupendas, e
dentro circula uma brisa fresca que vem do mar, passando
por janelas naturais da caverna que se abrem diretamente
para o mar. O murmúrio das ondas ecoa abafado dentro da
caverna, e sempre pensávamos se uma onda mais forte
poderia chegar até nós. Existem 3 salões, cada qual num
nível diferente, e para entrar é preciso subir ou descer
por túneis dentro da caverna. Algumas partes são escorregadias, mas a maioria, mesmo
estando molhada adere como lixa. Um dos túneis vai dar
numa abertura gigante um pouco elevada do mar, enquanto um
outro túnel sai pela parte dos fundos da caverna e abre
para um vale absolutamente espetacular.
O
vale lembra
uma paisagem dos filmes do Jurassic Park, onde a qualquer
momento vai sair um dinossauro de alguma caverna das
paredes do vale. A vegetação é exuberante e muito verde
apesar de estar praticamente na beira do mar. De vários
pontos do paredão vertical de 30 metros de altura e que
circunda o vale em forma de "U", cipós descem
por quase toda a extensão da pedra e a água pinga de
todos os lugares. Para entrar no Vale, o desbundado
turista terá que descer para a área verde por cima da
rocha com um pequeno precipício ao lado de cerca de 5
metros de altura. Na verdade, essa passagem que parece
escabrosa é muito mais fácil do que parece, porque o que
mais tem na pedra são lugares para botar pés e mãos, e
agarrar seguramente. Uma vez na área verde (foto), o
incrédulo turista irá reparar que não consegue ver o
céu, pois está debaixo de um arco de pedra absolutamente
monstruoso. Mais adiante há um segundo arco de pedra, e
mais adiante ainda um terceiro arco que beija o mar (foto
grande no topo da pagina). Todo o contexto é absolutamente
impressionante.
Passando
por baixo do
segundo arco chega-se na plataforma de corais. Se o mar
estiver calmo e a maré baixa, basta caminhar por cima da
plataforma de coral para chegar ao terceiro arco. No dia
que fomos a maré já enchia, e uma ou outra onda maior
varria o recife. Por prudência, achamos melhor ficar por
alí e não arriscar. Soubemos depois, que passando o
terceiro arco há uma outra caverna bem menor, porém
muito bonita, mas essa vai ficar para outra ocasião. No canto
esquerdo da plataforma e debaixo do primeiro arco (foto) existe uma pequena piscina
natural com alguns corais e peixes, e cuja profundidade
bate mais ou menos na cintura. Aproveitamos para
refrescar, e ficamos boiando nessa piscina natural até
que a maré encheu mais, e umas ondas perigosas vieram nos
expulsar. Passamos umas 5 horas explorando esse lugar, e inclusive
lanchamos lá os sanduiches de atum que a Celia levou. Em nossa
opinião particular, esse lugar foi o mais bonito que
estivemos em Niue, mais ainda que as cavernas de Avaiki,
e sem dúvida foi o ponto
alto de nossa viagem.
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Em
dois pontos na trilha, existe uns troncos
colocados para sentar e descansar. |
Ao
final da trilha, a entrada da caverna é baixa,
tendo-se que tomar cuidado com a os chifres. |
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O
interior da caverna é algo espetacular. As cores
são vivas e o carbonato de cálcio desce pelas paredes como
cera derretida. |
Dentro
da caverna, túneis levam a lugares diferentes,
incluindo para uma grande janela para o mar. |
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Estalactites
descem tanto do teto como das laterais da caverna
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Estalagmites
em formação estão por toda a parte e são
ásperos
como lixa.
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Os
dois primeiros arcos são gigantescos e são a
porta do vale para a plataforma de corais. |
Para
descer para a área verde do vale é necessário
passar um pequeno precipício, mas há onde se
segurar. |
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Debaixo de um dos grandes arcos,
poças d'agua tem coloração amarelada devido ao constante
pinga-pinga que vem do teto e trazem sais minerais. |
No
fundo do vale, paredes de mais de 30 metros de
altura escondem várias outras cavernas, porém
para chegar lá tem-se que escalar, e ainda por
cima dentro de uma mata fechada. |
Agora, é
pegar a terrível trilha de volta,
e ao chegar no carro ao inves de entrar, desça para a
garganta de Matapa
para se refrescar na funda piscina natural. Não perca esse
lugar de jeito nenhum em Niue, mas não esqueça de ir bem
calçado.
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